terça-feira, 15 de setembro de 2009

Cacilhas às 02:00

Revoluciono-me. Sem adolescência nem jovialidade. Revoluciono-me por reconhecer como algumas coisas funcionam por serem coisas do mundo. Deixei de ter medo de morrer para passar a ter medo de foder. Por isso a revolução acontece não fora, na rua, mas dentro, nas veias. A revolução não-adolescente, não-adulta é apenas a concretização das horas que passamos juntos em deambulações extravagantes impulsionadas pelo vinho dos amigos indianos. Tantas horas e tanto vinho, tantas conversas de mudança, de arte sem arte. E depois aquela viagem até Cacilhas, quando a noite rebentava já em horas altas e o Tejo era frio e ventoso. Estávamos encostados às quinas do barco, como num filme onde as personagens parecem parar para pensar nas horas que passaram. Eu ali, encostada, no Cacilheiro último que partia de Lisboa, lembrava-me de como teria sido bom partilhar aquele pedaço de fita com uns tantos ausentes naquele pedaço de quina. A luz, em Cacilhas é sempre diferente. E isso já dizia a amiga Catarina que voltou há pouco do Brasil. Cacilhas é diferente porque tem um farol. Eu serei diferente porque estive em Cacilhas.
E com tantas coisas que quero sempre dizer, hoje fiquei sem pio!

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