segunda-feira, 16 de março de 2009

Da aprendizagem

Um dia,
talvez seja mesmo,
mesmo necessário
que me ofereçam uns sapatos
para que eu possa finalmente
aprender a a andar.
Quando eu crescer
e tu cresceres,
haverá ainda rosas suficientes no mundo?
Lembro-me do dia em que aprendi a fazer arroz;
e só por isso era capaz de me casar contigo.
Puseram-me um carro na mão
e eu matei dois pássaros:
depois fui tirar a carta.
Ainda hoje não sei falar como as pessoas crescidas;
há sempre um assobio na minha voz
que lembra o tempo em que era pequena
e rosada.
Não sei dizer palavrões,
e não é por ser muito bem-educada.
Aprendi a andar de bicicleta
muito tarde
e nem por isso
deixei de pedalar à beira-mar.
O cheiro a praia
do teu pescoço ensinou-me
a esperar pelas ondas maiores
para mergulhar.

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