domingo, 7 de setembro de 2008

zé: o amigo das tardes de quarta-feira


Um dia conheci o Zé. Éramos ainda mais jovens do que hoje somos; encontrámo-nos num palco. Os sonhos de cada um eram sonhos comuns, desejos semelhantes. E todos as quartas-feiras, após a grande viagem, o Zé esperava por mim para podermos partilhar as angústias adolescentes e semanais: todas as quartas-feiras eu e o zé nos sentávamos ao sol, pés descalços e conversávamos até ao começo da noite, hora em que a inevitabilidade do comboio se aproximava. Um dia o Zé tomou uma decisão e partiu para voos outros, não distantes dos meus, apenas geograficamente diferentes. Então o Zé começou a desaparecer aos pouquinhos, porque assim é a vida e porque assim aconteceu. Pouco a pouco encontrava o Zé mais distante de mim, nunca ausente, embora menos distante da boa memória que eram as conversas de quarta-feira. Passaram quase quatro anos e reencontrei o meu amigo com a regularidade do antigamente. Estranho é perceber como a proximidade engrandece a saudade. Tantas saudades, meu amigo. Hoje a necessidade de partilha permanece tão virgem e honesta como nos dias de maior juventude: conversa sem fim e muita conversa para pôr em dia. O Zé voltou a fazer parte dos dias todos e todos são os minutos em que percebo como é bom trocar com ele as aprendizagens quotidianas. Hoje lembro-me das promessas: as quartas-feiras que fizeram parte da juventude mais casta tornam-se agora jantares e tertúlias em veias cheias de fogo.

Está prometido!

2 comentários:

Bel disse...

( suspiro bom)...

Redondo disse...

O prometido é devido. Não marques nada para dia 18, é celebrar ou afugar as magoas e só tu para me acompanhares.

Beijo, Boa Amiga