domingo, 14 de setembro de 2008

a problemática da solidão: os inevitáveis (des)encontros de Maria e José

-J: Quem és tu M? Quem és tu? Vieste desorganizar a minha vidinha simples. Vieste virar o rumo da minha solidão. Quero passar noites em antros cheios de fumo, cheios de gente perdida em garrafas vazias, quero passar noites com mulheres nenhumas, quero não conhecer os nomes e o cheiro dos seus cabelos. Vieste tu, M, desorganizar a minha solidão. Os meus antros do avesso. Cheiravas a mar quando te dei a mão, o teu cheiro era profundo. Eu não posso ir contigo onde me queres levar, não posso dar-te a mão e ir contigo onde me deves levar. Vou fazer-te mal, vou rasgar-te a pele todas as noites, fazer-te filhos lindos, cortar-te os cabelos negros e hei-de ir embora todas as manhãs antes de acordares, hei-de deixar-te todas as manhãs sem coisa nenhuma. Não me vou apaixonar por ti. Estou seco, velho, não há em mim uma gota de amor. Levaram tudo. Não penses que te vou amar, nem penses sequer que eu posso deixar-te estendida nos meus braços durante a noite. Hás-de acordar só, tão só como eu me sinto todas as noites. Tão só como o alcool que me tolda todas as noites. Experimenta estar só M. Experimenta estar desesperadamente só. Percebes agora M? Persegues como é angustiante não ter um sítio para cair quando já se morreu? É assim que estou, apodrecido e coberto de vermes. Agora não, não vou contigo para lado nenhum. Tu cheiras a mar e eu estou morto. Não te vou encontrar para te matar também. Não posso matar os teus olhos. Não posso aniquilir agora a possibilidade de estar contigo. Estou morto M. O oxigénio acabou dentro daquele parque de estacionamento. Consegues perceber porque não foste salvar-me? Vou perder-me com mais cem mulheres se não vieres salvar-me M. Vou fazer-lhes os filhos todos que devia ter-te feito. Vem salvar-me M, que estou só, tão mortalmente só. Não sinto nada. Só me lembro do teu cheiro, da novidade do teu cheiro. Vou morrer sozinho dentro do parque de estacionamento. Tenho o avental na mochila coberto de sangue, de vinho e de lábios. Lábios teus... e tão só que estou, tão só afinal. Diz-me onde enfiaste tu o nosso Deus? Está aí alguém? És tu M, és tu que me matas, que destróis a minha fé? Mataste o meu Deus M e por isso não vou contigo para onde me queres levar. Estaremos, por agora, desencontrados. Desencontrados até que devolvas o que me tiraste. Devolve-me Deus. Devolve M, devolve...

3 comentários:

Anónimo disse...

TODOS NA AUTOBIOGRAFIA
A AUTOBIOGRAFIA EM TODOS
E SEM AUTOR NENHUM
QUE O NÃO PRECISAMOS PARA NADA
ABSOLUTAMENTE
NADA
POIS A AUTOBIOGRAFIA O SOMOS!

Ágnes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ágnes disse...

agora sim!! a outra estava cheia de erros ortográficos. submeto: que raio de motivo te leva a ter duas identidades? tu não me enerves Mr.M! (com esta passas a ter três identidades!) e já agora, estás perdoado pela sensibilidade bruta!