domingo, 7 de setembro de 2008

dos encontros ou a história da red shoes


Fim de noite, deu-se o encontro; sapatos vermelhos e caracóis espigados. (In)esperado. Da expectativa nasce o desejo de partilha, nasce o desejo de troca de qualquer coisa que dê vazão à necessidade. Sapatos vermelhos esperava caracóis espigados. Esperava ter uma tesoura à mão para resolver o problema. Esperava acima de tudo arranjar outros problemas que permitissem a perpetuação do instante. (Instantâneo)... No fundo o encontro podia muito bem ser tão fugaz e rápido como o trabalho do microondas que solucionára tantas vezes, a falta de tempo prático para o almoço. A poesia parece finda perante cenário tão suburbano; parece findo o amor. O amor estava enterrado no Tejo e sapatos vermelhos, à porta do quarto, lia estórias loucas de gente que continua a procurá-lo em sítios bizarros. Bizarra situação: o Tejo ali tão perto... amor nenhum! Dos encontros tudo fica desarrumado: guiões riscados, deixas cortadas, marcações (de vida) em aberto. A expectativa torna-se, de repente, num entrave para o disfrute da liberdade. Pior, a expectativa destrói a possibilidade. O encontro, porém, permanece vivo. Depois do abandono, regressa o desejo, a motivação da busca. Não há caminho mais tumultuoso que aquele que incessantemente buscamos.

O Tejo afinal perde-se ao longe, viagem infinita: sapatos vermelhos na caixa, caracóis cortados: dos encontros tudo fica...

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